Você sabia que os transtornos mentais também estão presentes nos esportes?
A ideia equivocada de atletas serem imunes às condições mentais vem sendo melhor elaborada nos últimos anos. Apesar de serem altamente capacitados no que fazem, não estamos falando de super-heróis infalíveis ou perfeitos.
Ser atleta profissional, não significa, necessariamente, ser saudável. Estudos vêm demonstrando o caráter do esporte de alto rendimento – que pode, muitas vezes, ser um gatilho e precipitar sofrimentos de ordem psicológica nos esportistas.
É importante dizer que ainda são necessárias mais pesquisas na área. Isso inclui elementos científicos para melhor compreendermos a prevalência dos transtornos, por modalidade, por exemplo.
Além das barreiras para os atletas buscarem ajuda (por vergonha, medo, insegurança, exposição), existe outro fator negativo que omite a realidade: a subnotificação de casos no meio esportivo, dificultando a real obtenção de dados.
Ainda assim, podemos observar certas peculiaridades em relação a determinados transtornos mentais no esporte. Confira:⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
DEPRESSÃO
Jovens atletas podem apresentar imaturidade emocional/afetiva, sendo a irritabilidade um sintoma mais proeminente. De tal maneira, essa dificuldade em lidar com as emoções negativas pode estar intimamente ligada a quadros depressivos.
ANSIEDADE
Atletas de alto rendimento lidam continuamente com a pressão para ter boa performance e resultados positivos. Consequentemente, isso poderá ser convertido em alguma forma de ansiedade. Por exemplo: ansiedade de desempenho e ansiedade pré-competição.
TRANSTORNOS ALIMENTARES
Curiosamente, estudos indicam que a prevalência de transtornos alimentares é maior no ambiente esportivo do que entre a população geral. Eles tendem a ser mais recorrente nos esportes onde o corpo está em maior evidência e tem relação direta com a performance. Exemplos são a ginástica artística, hipismo, natação, halterofilismo, crossfit e atletismo.
OVERTRAINING
Overtraining é considerado um tipo de sofrimento ou mesmo transtorno mental no esporte. Trata-se do excesso de treinamento físico, seja em intensidade e/ou frequência, levando a prejuízos marcantes. A atividade física passa a ser nociva, comprometendo o sistema imunológico e aspectos psicológicos do atleta. Mais visto em modalidades individuais como corrida, musculação e crossfit.
TRANSTORNO DE ADAPTAÇÃO
Em síntese, o transtorno de adaptação acomete esportistas que não se elaboram e não se adaptam às mudanças súbitas. Por exemplo, transferências, mudança de cidade ou país, cultura estrangeira ou distanciamento familiar estão entre os motivos desencadeadores.
USO DE SUBSTÂNCIAS E DEPENDÊNCIA QUÍMICA
Extremamente comum no ambiente esportivo. Os períodos de recuperação de lesões e transição para fora dos esportes também são momentos que merecem maior atenção. O atleta pode recorrer às substâncias como um recurso para fugir das frustrações ou relaxar. Por isso, o acompanhamento profissional nesses períodos é essencial.
DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE
No futebol americano, estima-se que a prevalência de quadros de TDAH seja entre 2 a 3 vezes mais elevada em relação a não-atletas do mesmo sexo e faixa etária da população geral. Ou seja, esse número funciona como um alerta para os profissionais da saúde e atletas.
BIPOLARIDADE E PSICOSES
Casos mais graves de transtorno bipolar e psicoses tendem a ser menos vistos na prática de alto rendimento. Entretanto, são igualmente vistos na prática amadora em relação à prevalência da população geral.
TRANSTORNOS DA PERSONALIDADE
Estudos sugerem certos traços (não transtornos!) mais vistos em esportistas de alto rendimento. Dentre eles, são observados extroversão, perfeccionismo, agressividade e obsessão. Assim, os transtornos da personalidade possivelmente mais comuns no esporte são o obsessivo-compulsivo, narcisista e emocionalmente instável.
Não se deve estigmatizar os casos de transtornos mentais no esporte. Pelo contrário: o primordial é a conscientização da importância de profissionais da saúde mental inseridos no meio. Ou seja, psicólogos e psiquiatras do esporte, trabalhando desde a prevenção. Esse é o caminho!
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