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Dr. Helio Fádel

Clínica Fádel – Psiquiatria e Cirurgia Plástica Rua Oscar Vidal 307/sala 1202 – Centro (Juiz de Fora/MG)

Saúde mental é tudo!

Olimpíadas Tóquio 2020: a depressão de Simone Biles

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Simone Biles - Olimpíadas Tóquio 2020: a depressão de Simone Biles

Tóquio 2020 evidenciou a importância da Saúde Mental por meio de Simone Biles

Apesar dos holofotes se voltarem para a gigante Simone Biles por desistir de algumas provas, ela não foi a única atleta a mencionar a saúde mental. A partir disso, foi merecidamente exaltada por mostrar que o atleta, mesmo quando fantástico, é um ser humano com limitações, dores, anseios e falhas; mas também indevidamente criticada por “entendedores”, que a julgaram por não ter espírito olímpico (?), bloquear a vaga de outra atleta que poderia competir em seu lugar ou por não demonstrar superação (foi até comparada com outros competidores de edições passadas que triunfaram, apesar de adversidades).

Antes de mais nada, ninguém, absolutamente ninguém, conhecerá por completo todos os elementos psicológicos do(a) atleta em sua preparação e durante a competição. Partindo desse princípio, não cabe a NINGUÉM se dizer entendido do assunto e se colocar com propriedade de julgar alguma coisa da vida dele(a). Ou de qualquer outra pessoa.

Por mais que vejamos um ser performático naquele instante, existe uma vida de preparação por trás – com vivências, crenças, mecanismos pessoais de enfrentamento, dificuldades diárias, abdicações e traumas. A própria Simone Biles já havia externado situações de assédio sexual e racismo vividas por ela.

O que seriam Twisties, mencionados por Simone Biles?

Do episódio em si, ela citou os TWISTIES. O atleta (mesmo experiente) perde, repentinamente, a noção espacial, habilidade dos movimentos e controle motor. Consequentemente, sua tomada decisões fica comprometida – desde as habilidades básicas até os movimentos mais complexos. Essa “desconexão mente-corpo” naturalmente leva a uma insegurança na execução do gesto esportivo, que, no alto rendimento, é automático para muitos. Em uma modalidade como a da Simone, isso representa um importante risco de lesão durante uma apresentação. Não é frescura, falta de treinamento ou despreparo psicológico.

Mais empatia ao próximo e conscientização do sofrimento psicológico

Claro que, no contexto do alto rendimento, sobretudo Olimpíadas, o acúmulo da pressão (interna + externa) prejudica ainda mais. Mas, dizer que há “romantização da saúde mental” e chamá-la de “geração mimimi” é absurdo e ignorância.

O mundo está chato e “mimizento”, sim. Mas não refletido pela atitude dela. E sim, porque as pessoas se comportam como entendidas de tudo e mais se preocupam em criticar a vida alheia do que se mostrar empáticas e construtivas para si mesmas e para a sociedade.

Se a Simone Biles tivesse fraturado uma perna, a lesão física não teria sido questionada em sua desistência. Mas, por se tratar de âmbito mental (abstrato/não palpável), ainda há preconceito. Mesmo para uma atleta do seu nível multicampeão e que não precisa provar nada a ninguém! Lutemos pela causa!

Simone Biles - Olimpíadas Tóquio 2020: a depressão de Simone Biles

Dr. Helio Fádel
Psiquiatra Clínico e do Esporte

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