Pular para o conteúdo

Dr. Helio Fádel

Clínica Fádel – Psiquiatria e Cirurgia Plástica Rua Oscar Vidal 307/sala 1202 – Centro (Juiz de Fora/MG)

Saúde mental é tudo!

Fobia Social

O que é Fobia Social

A característica essencial do Transtorno de Ansiedade Social ou Fobia Social é um medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais nas quais o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas.

Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante dos outros (p. ex., proferir palestras).
Em crianças, o medo ou ansiedade deve ocorrer  em contextos com os pares, e não apenas durante interações com adultos.
Em adultos, acredita-se que a fobia social do tipo desempenho seja a mais comum. Aqui, os indivíduos têm preocupações com o desempenho que são geralmente mais prejudiciais em sua vida profissional (p. ex., músicos, dançarinos, atletas, artistas) ou em papéis que requerem falar em público. No tipo desempenho, não há temor ou evitação de situações sociais que não envolvam o desempenho.

Quando expostos a essas situações sociais, as pessoas têm medo de serem avaliadas negativamente. Ficam preocupadas de que serão julgadas como ansiosas, débeis, malucas, inseguras, estúpidas, enfadonhas, amedrontadas, sujas ou desagradáveis.
Logo, o indivíduo com fobia social teme agir, ficar exposto ou demonstrar sintomas de ansiedade (tais como ficar com o rosto corado, tremer, transpirar ou tropeçar nas palavras) que, em seu entendimento, serão julgados e/ou criticados pelas demais pessoas ao redor.

 

Comportamentos evitativos

Um indivíduo que sofre de fobia social com medo de tremer as mãos pode evitar beber, comer, escrever ou apontar em público; o medo de ficar com o rosto corado pode levar alguém a evitar atividade em público, luzes brilhantes ou discussão sobre tópicos íntimos. Outros evitam urinar em banheiros públicos quando outras pessoas estão presentes (parurese ou “síndrome da bexiga tímida”).

A ansiedade antecipatória pode ocorrer, às vezes, muito antes das próximas situações (p. ex., preocupar-se todos os dias durante semanas antes de participar de um evento social, repetir antecipadamente um discurso por dias).
Em crianças, o medo/ansiedade podem ser expressos por meio do choro, ataques de raiva, imobilização, agarrar-se ou encolher-se em situações sociais.

Tais comportamentos levarão os indivíduos a evitar situações sociais temidas, ou então a suportá-las com intenso medo ou ansiedade.
A esquiva, presente no contexto da fobia social, pode ser abrangente (p. ex., não ir a festas, recusar a escola) ou sutil (p. ex., preparando excessivamente o texto de um discurso, desviando a atenção para outra área menos perturbadora, limitando o contato visual).

 

Quando considerar o diagnóstico

É indispensável considerar que o medo, a ansiedade e a esquiva devem estar impactando consideravelmente na rotina da pessoa. Seja no seu funcionamento profissional/acadêmico, suas atividades sociais, relacionamentos, ou causa sofrimento em diferentes âmbitos da vida desse indivíduo.

Isso quer dizer que não devemos generalizar. Alguém que apresenta medo de falar em público não receberia um diagnóstico de transtorno de ansiedade social apenas se essa atividade não fosse rotineiramente encontrada no trabalho ou nas tarefas de classe. O indivíduo precisa ter um sofrimento significativo em relação a isso. Entretanto, se evita o trabalho ou comportamento devido aos sintomas de ansiedade social, o diagnóstico pode ser considerado.

Às vezes, a ansiedade não deve ser julgada excessiva. Isso porque pode estar relacionada a um perigo real, como ser alvo de bullying. No entanto, indivíduos com transtorno de ansiedade social frequentemente superestimam as consequências negativas das situações sociais, e, assim, o julgamento quanto a ser desproporcional é feito pelo clínico (que deve levar em conta o contexto sociocultural do paciente).

Os sintomas devem durar pelo menos seis meses para que se possa fazer o diagnóstico. Esse limiar de duração ajuda a diferenciar o transtorno dos medos sociais transitórios comuns, particularmente entre crianças e na comunidade.
Contudo, o critério da duração deve ser entendido como um “guia geral”, com a possibilidade de algum grau de flexibilidade.

Quanto à prevalência, em geral, são encontradas taxas mais altas de transtorno de ansiedade social em mulheres do que homens.

 

Comorbidades

Outras comorbidades psiquiátricas frequentemente acompanham o transtorno de ansiedade social. Exemplos de condições coexistentes são outros transtornos de ansiedade, transtorno depressivo maior e transtornos por uso de substâncias. O isolamento social crônico pode resultar em depressão.
Também é frequentemente comórbido com transtorno bipolar ou transtorno dismórfico corporal. Por exemplo, um indivíduo tem transtorno dismórfico corporal referente à preocupação com uma leve irregularidade em seu nariz. Em paralelo, também apresenta transtorno de ansiedade social devido a um medo grande de parecer pouco inteligente.
Em crianças, comorbidades com autismo de alto funcionamento e mutismo seletivo são comuns.

 

Principal referência bibliográfica:

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – DSM 5
American Psychiatric Association